29/11/2010

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            Os perigos que o figado enfrenta
   Na antiga China, o fígado era tão considerado que o próprio coração era relegado a po­sição de "filho do fígado". Os gregos não chegavam a tanto, mas Hipócrates, o mais iamoso dos cirurgiões da Grécia, estudou cuidadosamente o funcionamento desse órgão e demonstrava por êle profundo respeito. Instalado à direita do abdome, tem cerca de 1.400 gramas de peso com cor avermelhada. É o maior de todos os órgãos humanos. E, além disso, de­sempenha ao mesmo tempo um grande número de funções e coordena a atividade de outros órgãos dos quais depende o bom funcionamento   do corpo.
Embora suas qualidades sejam muitas, o fígado também tem algumas fraquezas, como todo mundo, aliás. Contudo, estas recebem sempre o maior destaque, pois acontece que até mesmo as desordens hepáticas mais sim­ples afetam o organismo inteiro.
Isto se explica pelo fato de ser o fígado uma glândula de múltiplas atividades, cujo funcionamento coordena a ação de vários outros sistemas. Sua principal tarefa é filtrar o sangue e determinar o destino das substân­cias que nele se encontrem. Quando se toma um remédio, por exemplo, pouco depois ele chega ao fígado para ser encaminhado. E, quando algum veneno ou tóxico entra na cor­rente sanguínea, o fígado é um dos primeiros órgãos a sofrer seus efeitos, pois cabe-lhe a tarefa de decompor e inativar a substância prejudicial.
Ao mesmo tempo que se arrisca no cumpri­mento  dessa  função,  o  fígado  desempenha
outra, também importantíssima, interferindo no metabolismo ou transformação das proteínas, açúcares, gorduras e vitaminas, para integrá-los no sangue. E mais: é também o responsável peia produção da bile.
Tendo que executar tantas e tão complicadas funções, não é de estranhar que de vez em quando a delicada estrutura do fígado se ressinta. E é nessas ocasiões que êle se torna facilmente dominável por infecções, intoxicações ou degenerescências.
Hepatite — simples ou injetável
Entre as infecções que atacam o fígado, a hepatite causada por vírus é das mais frequentes, e costuma tomar proporções de epidemia
Manifesta-se de repente e os primeiros sintomas são náuseas, febre e, às vezes, vómitos. Na maioria dos casos, o doente costuma sentir também uma acentuada dor na barriga das pernas. Mas o que realmente caracteriza a doença é o amarelamento da córnea — a chamada icterícia.
Quando tratada a partir do momento em que se declara, a doença desapa­rece dentro de 6 a 8 semanas. E o tratamento é relativamente simples: além dos medicamentos adequados, exige apenas dieta com repouso.
A hepatite do soro homólogo é praticamente idêntica à hepatite a vírus, da qual só difere pela forma de contágio. Enquanto os vírus daquela se introdu­zem no organismo humano a partir do próprio ambiente, os desta são ino­culados, quando se fazem injeções ou transfusões de sangue.
Também infecção, mas bem menos comum que as hepatites, como a doença de Weil. Apanhá-la não é fácil; os micróbios que a transmitem proliferam na urina dos ratos, de modo que o contágio geralmente se dá nos esgotos — onde o trafego é pequeno. Já o abscesso amebiano exige menos esforço: as amebas que o causam aparecem nos mais variados lugares. Felizmente hoje existem modernos medicamentos amebicidas, capazes de liquidar essa ameaça.
Outra doença hepática que o progresso vai aos poucos eliminando é a febre amarela, descoberta por Osvaldo Cruz, que foi também o pioneiro no combate aos seus transmissores.
E há também as septicemias, que se originam em diferentes áreas do corpo, estendendo-se depois ao fígado, onde criam sérios problemas.
Nem só de micróbios é atacado o fígado. Há certos produtos químicos que causam alterações em seus teci­dos, resultando no aparecimento da icterícia e demais sintomas de hepa­tite, com exceção da febre. Daí o no­me de hepatite tóxica que alguns dão a essa doença, que é mais conhe­cida, entretanto, como intoxicação ou simplesmente crise de fígado.
Conforme o agente tóxico e a du­ração de sua ação sobre o organismo, o fígado pode ser levado a uma atro­fia gradual, que recebe o nome de atrofia amarela. Continuar expon­do-se ao produto que a causa é arriscado, pois a capacidade do fí­gado vai reduzindo-se progressiva­mente, até chegar ao coma hepático, após o qual sobrevêm a morte, uma vez que o órgão pára de funcionar por completo.
As intoxicações profundas e pro­longadas danificam as células he­páticas, que acabam sendo substituídas por um tecido fibrosso e duro. Quando este se estende por uma grande área do fígado, surge a cha­mada cirrose hepá­tica. Aumentado e endurecido, o ór­gão não consegue mais desempenhar suas funções e, em consequência, mani­festa-se uma icterí­cia leve mas persis­tente, além de um pronunciado incha­ço, que se manifesta na barriga e nos pés. O volume anormal do fígado cria sé­rios transtornos à circulação e daí re­sultam varizes no esôfago, nas veias do pescoço e órgãos internos — as quais sangram facilmente, causando várias per­turbações digestivas. No Brasil, a cir­rose geralmente re­sulta da ação de um parasita das veias do fígado — o Schisto zowamansoni. Mas, de modo geral, o alcoolismo é uma causa frequente.

 almanaque
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